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quinta-feira, 17 de julho de 2025

Entre o Corpo e o Mistério / J.M.J.

Há matemática no gesto,

mesmo quando a mão vacila,

um traço solto guarda

a raiz de um cálculo secreto.

 

A arte é lúcida

como um sonho com bússola:

nem cega, nem desvia quem vê,

mas conduz pelas margens do invisível.

 

Até o caos que o pintor espalha,

linhas sem objeto,

ou desce a uma ordem que não se escreve

mas puça.

 

As emoções, por mais líquidas,

têm leis,

não só químicas,

mas antigas, arquetípicas,

esculpidas em silêncio.

 

E assim a arte permanece,

ponte sem nome,

entre a carne e o símbolo,

entre o instante e o eterno,

entre o corpo

e o mistério.

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