Há matemática no gesto,
mesmo quando a mão vacila,
um traço solto guarda
a raiz de um cálculo secreto.
A arte é lúcida
como um sonho com bússola:
nem cega, nem desvia quem vê,
mas conduz pelas margens do
invisível.
Até o caos que o pintor espalha,
linhas sem objeto,
ou desce a uma ordem que não se
escreve
mas puça.
As emoções, por mais líquidas,
têm leis,
não só químicas,
mas antigas, arquetípicas,
esculpidas em silêncio.
E assim a arte permanece,
ponte sem nome,
entre a carne e o símbolo,
entre o instante e o eterno,
entre o corpo
e o mistério.
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