O país fecha portas
com palavras que parecem neutras,
mas que pesam como correntes.
Na fila do supermercado,
um olhar prolongado decide quem é suspeito.
Na sala de aula,
a cor da pele é confundida com a língua.
As leis dançam ao som do medo,
um passo para frente,
dois para trás.
A nacionalidade é um rio,
mas as margens estão cercadas de arame.
Dizem que não somos racistas,
mas há bairros sem nome
e histórias sem ouvido.
Ainda assim,
há quem fale,
quem desmonte as palavras como quem limpa uma ferida,
quem plante sementes nas fendas do cimento.
Porque a terra é mais velha que as fronteiras,
e o sol não pede passaporte
para iluminar a pele.
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