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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

O País Fecha Portas

O país fecha portas

com palavras que parecem neutras,

mas que pesam como correntes.

 

Na fila do supermercado,

um olhar prolongado decide quem é suspeito.

Na sala de aula,

a cor da pele é confundida com a língua.

 

As leis dançam ao som do medo,

um passo para frente,

dois para trás.

A nacionalidade é um rio,

mas as margens estão cercadas de arame.

 

Dizem que não somos racistas,

mas há bairros sem nome

e histórias sem ouvido.

 

Ainda assim,

há quem fale,

quem desmonte as palavras como quem limpa uma ferida,

quem plante sementes nas fendas do cimento.

 

Porque a terra é mais velha que as fronteiras,

e o sol não pede passaporte

para iluminar a pele.

 

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