Havia quase ninguém.
O mundo se dobrava em frio, fome, caos.
Restavam mil, mil e poucas almas,
sobreviventes de uma terra que quase os esqueceu.
O vento levava tudo: florestas, rios, horizontes.
O sol queimava ou não aquecia.
E eles caminhavam, frágeis,
mas o último fogo recusava-se apagar.
Cada olhar carregava o peso de todos os que se foram,
cada respiração era resistência,
cada gesto uma promessa:
sobreviver, para que algo do que eram perdurasse.
Do caos nasceram genes, escolhas da sorte,
marcas que moldariam o futuro, invisíveis,
silenciosas, mas determinantes.
E dessa escassez extrema,
essa humanidade quase extinta aprendeu a persistir,
a pensar, a criar, a amar,
e o mundo, quase vazio, respirou de novo.
E desse gargalo genético floresceu o mar que nos fez humanos.
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