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sexta-feira, 29 de agosto de 2025

O Último Fogo

Havia quase ninguém.

O mundo se dobrava em frio, fome, caos.

Restavam mil, mil e poucas almas,

sobreviventes de uma terra que quase os esqueceu.

 

O vento levava tudo: florestas, rios, horizontes.

O sol queimava ou não aquecia.

E eles caminhavam, frágeis,

mas o último fogo recusava-se apagar.

 

Cada olhar carregava o peso de todos os que se foram,

cada respiração era resistência,

cada gesto uma promessa:

sobreviver, para que algo do que eram perdurasse.

 

Do caos nasceram genes, escolhas da sorte,

marcas que moldariam o futuro, invisíveis,

silenciosas, mas determinantes.

E dessa escassez extrema,

essa humanidade quase extinta aprendeu a persistir,

a pensar, a criar, a amar,

e o mundo, quase vazio, respirou de novo.

 

E desse gargalo genético floresceu o mar que nos fez humanos.

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