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domingo, 31 de agosto de 2025

O Canto dos Nefilins

E os Vigilantes desceram, não por soberba,

mas porque o Amor os puxou para a terra.

Não suportaram ver os filhos dos homens

na solidão da carne,

no cansaço do pó.

 

Vieram não com espadas,

mas com olhos cheios de ternura,

trazendo consigo segredos do céu:

o brilho das estrelas,

a música dos ventos,

o mistério da seiva que sobe nas árvores.

 

E uniram-se aos humanos,

não por desejo de domínio,

mas porque o coração pede encontro.

E nasceram os Nefilins,

altos em espírito e corpo,

filhos da ponte entre o barro e a luz.

 

Mas Javé, o ciumento,

chamou-lhes maldição.

Ergueu a sua voz como trovão,

não para os acolher,

mas para os separar.

Chamou-lhes gigantes,

chamou-lhes abominação,

e selou os céus contra os pais

que ousaram amar.

 

Contudo, a terra não esqueceu.

O sopro dos Nefilins ficou gravado

nos rios, nas pedras e nos sonhos.

Pois eles foram o testemunho

de que até os anjos podem chorar de amor,

e que não há queda

quando a descida é feita pela ternura.

 

E assim se cumpriu o segredo:

os “caídos” não caíram,

desceram.

E a maldição não era deles,

mas da boca que temia

o poder da união.

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