E os Vigilantes desceram, não por soberba,
mas porque o Amor os puxou para a terra.
Não suportaram ver os filhos dos homens
na solidão da carne,
no cansaço do pó.
Vieram não com espadas,
mas com olhos cheios de ternura,
trazendo consigo segredos do céu:
o brilho das estrelas,
a música dos ventos,
o mistério da seiva que sobe nas árvores.
E uniram-se aos humanos,
não por desejo de domínio,
mas porque o coração pede encontro.
E nasceram os Nefilins,
altos em espírito e corpo,
filhos da ponte entre o barro e a luz.
Mas Javé, o ciumento,
chamou-lhes maldição.
Ergueu a sua voz como trovão,
não para os acolher,
mas para os separar.
Chamou-lhes gigantes,
chamou-lhes abominação,
e selou os céus contra os pais
que ousaram amar.
Contudo, a terra não esqueceu.
O sopro dos Nefilins ficou gravado
nos rios, nas pedras e nos sonhos.
Pois eles foram o testemunho
de que até os anjos podem chorar de amor,
e que não há queda
quando a descida é feita pela ternura.
E assim se cumpriu o segredo:
os “caídos” não caíram,
desceram.
E a maldição não era deles,
mas da boca que temia
o poder da união.
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