No ventre ardente da Terra,
onde o ferro canta com o fogo,
o coração do mundo vacila,
abrandando o passo da sua dança invisível.
Eis que os homens olham o céu,
perdidos em catedrais de metal e silêncio,
mas esquecem-se do sangue oculto
que pulsa sob os pés.
O campo que vos protege,
escudo contra o sol e o abismo,
oscila como chama ao vento,
e os pólos, inquietos, migram como aves sem ninho.
Sabei, então:
quando o núcleo fala,
não fala em palavras,
fala em tremores, em auroras, em silêncios de
bússolas.
E se a Terra vos dá sinais,
não é para espalhar medo,
mas para vos lembrar que sois frágeis
e que o planeta não é vosso,
sois vós que sois dele.
Escutai o rumor profundo,
antes que o campo se desfaça,
antes que a luz do sol se torne ferida,
antes que a casa que vos abriga
se volte contra os filhos que a esqueceram.
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