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quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Ancião de Dias

Assenta-se sobre tronos de fogo,

o manto tecido de alvoreceres antigos,

as mãos pesando a eternidade como quem pesa grãos de luz.

 

O olhar atravessa séculos

como o vento atravessa desertos,

e nada escapa à sua memória de estrelas.

 

Não é dono de um povo,

mas guardião de todos os passos,

desde o primeiro que foi dado na sombra

até o último que se dará na plenitude da aurora.

 

Não se apressa.

O tempo é seu servo,

e cada segundo é uma semente

que ele coloca na terra do infinito.

 

Fala na linguagem que antecede as línguas,

um murmúrio que molda montanhas

e acalma oceanos sem levantar a voz.

 

Sua justiça não nasce do medo,

mas da harmonia que ordena galáxias,

da balança que pesa tanto o sopro de uma criança

quanto o rugido de um cometa.

 

E quando se erguer,

não será para esmagar,

mas para devolver ao seu lugar

tudo o que foi perdido,

e lembrar à criação

que ela nasceu para dançar na luz.


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