Não sou apenas quem penso ser.
Dentro de mim habitam séculos,
códigos invisíveis escritos em genes,
resquícios de vidas que me antecederam,
micro-organismos que sussurram decisões
antes mesmo que eu as perceba.
Cada impulso, cada hesitação,
é uma dança de química e memória,
uma teia de forças que me atravessa
como vento antigo a brincar entre folhas.
Pergunto quem guia meus passos:
eu ou tudo aquilo que sou
sem jamais ter escolhido existir?
E ainda assim, mesmo no fogo da dúvida,
há um brilho que persiste:
um olhar que escolhe ver,
um gesto que prefere o toque,
uma faísca de consciência
que não pede licença ao universo.
Entre sombra e fogo descubro:
liberdade não é dom absoluto,
mas o instante em que reconheço
o que me atravessa
e, mesmo assim, respiro, sinto, existo.
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