Treze dentes,
treze chaves soterradas
na poeira vulcânica do tempo.
Não falam,
mas guardam o rugido da aurora,
onde o macaco e o homem
não eram linhas retas,
mas ramos entrelaçados
de uma árvore secreta.
Cada dente é um oráculo,
um fragmento de verdade mordida,
um eco das bocas que mastigaram silêncio
antes de nós.
Lucy já não está sozinha.
No mesmo chão
outros passos deixaram sinais,
outras linhagens ergueram-se,
outras histórias floresceram e morreram
antes da nossa.
O que somos?
Apenas sobreviventes
de uma multidão esquecida,
um ramo que não tombou,
ainda.
E os dentes,
como sentinelas fósseis,
sussurram no pó:
“Não fostes escolhidos,
fostes apenas poupados.”
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.