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terça-feira, 19 de agosto de 2025

Anti-universo

Talvez o início não seja um início,

mas um espelho partido

onde cada fragmento devolve o nosso rosto

virado do avesso.

 

No outro lado,

o tempo não corre,

desfaz-se.

Estrelas nascem já mortas,

explodem em silêncio

para depois se condensarem

numa promessa intacta.

 

Enquanto aqui contamos passos

que nunca regressam,

lá cada gesto é um regresso,

cada queda, uma ascensão.

 

E se matéria e antimatéria

são apenas as duas mãos de um mesmo corpo,

talvez também nós sejamos eco

de alguém que vive

no compasso contrário.

 

Não é o fim que nos espera,

é a simetria que nos completa,

um universo que respira ao contrário,

para que o nosso possa respirar.

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