Talvez o início não seja um início,
mas um espelho partido
onde cada fragmento devolve o nosso rosto
virado do avesso.
No outro lado,
o tempo não corre,
desfaz-se.
Estrelas nascem já mortas,
explodem em silêncio
para depois se condensarem
numa promessa intacta.
Enquanto aqui contamos passos
que nunca regressam,
lá cada gesto é um regresso,
cada queda, uma ascensão.
E se matéria e antimatéria
são apenas as duas mãos de um mesmo corpo,
talvez também nós sejamos eco
de alguém que vive
no compasso contrário.
Não é o fim que nos espera,
é a simetria que nos completa,
um universo que respira ao contrário,
para que o nosso possa respirar.
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