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terça-feira, 19 de agosto de 2025

O Espelho do Infinito

Uma câmara gigantesca abre o olho,

3,2 mil milhões de pixels

a beber a noite chilena.

 

Cada disparo é um abismo revelado,

um mapa novo do que julgávamos conhecer,

um rumor de estrelas ainda não nomeadas.

 

O céu já não cabe na memória humana,

é preciso uma máquina do tamanho de um carro

para guardar o que nos ultrapassa.

 

Mas não é a máquina que se espanta,

somos nós, diante do ecrã,

a perceber que o universo

é demasiado vasto

para caber no pensamento.

 

E, no entanto,

cada pixel contém o mesmo silêncio

que pulsa no coração.

 

O infinito não se mede,

olha-nos de volta.

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