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quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Nos Labirintos do Ventre

No ventre da Terra respira um reino velado.

As montanhas são apenas o seu manto,

os mares apenas o véu que esconde as suas portas.

 

Ali não existe sol, mas a luz é interior,

um fulgor que nasce das pedras vivas

e corre como rios de fogo cristalino.

 

Guardas antigos vigiam os umbrais,

figuras meio humanas, meio memória,

e só aqueles cujo coração conhece o silêncio

conseguem ouvir o chamamento.

 

É o lugar onde o tempo se dobra,

onde os mortos não estão mortos

e os vivos ainda não nasceram por inteiro.

Um espelho da superfície,

mas mais profundo, mais verdadeiro.

 

Quem o encontra não regressa igual:

descobre que o reino oculto da Terra

é também o reino oculto do próprio ser. 

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