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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

O Espanto do Real

Não é no invisível inventado que se oculta a verdade,

mas no choque do instante,

no silêncio que desafia o teu conforto,

no mundo que não espera por ti.

 

A estrela que explode a milhões de anos

não precisa de testemunhas,

o mar que sobe e recua

não pede licença,

o teu coração, máquina e mistério,

bate antes mesmo de saberes.

 

Tudo isso,

a pedra, o vento, o sangue,

o pensamento que surge e foge,

grita que a vida não se deixa aprisionar,

o real não se adorna: ele confronta,

faz tremer o hábito, questiona a rotina.

 

Se olhares de olhos despertos

não há explicação suficiente,

cada instante é revolução,

cada respiração, poesia em carne viva,

cada escolha consciente, um ato de liberdade

num universo que não cede ao conforto da ilusão.

 

Desperta,

o espanto é real

e se não acordares

será apenas mais uma sombra

entre milhões que se recusaram a ver.

 

 

 

(Vivemos rodeados de mistérios, mas o maior de todos é a própria realidade. Muitas vezes procuramos sinais ocultos ou forças invisíveis, quando o real diante de nós já é, em si, incompreensível e deslumbrante. A ciência não precisa de adornos para nos maravilhar: basta olhar para o céu, para a vida, para o cérebro humano, e percebemos que sabemos tão pouco. Este poema nasce desse assombro, não do desejo de inventar, mas da coragem de contemplar. É no real que se encontra o mais profundo enigma, e é nele que começa o verdadeiro despertar.)

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