Não é no invisível inventado que se oculta a verdade,
mas no choque do instante,
no silêncio que desafia o teu conforto,
no mundo que não espera por ti.
A estrela que explode a milhões de anos
não precisa de testemunhas,
o mar que sobe e recua
não pede licença,
o teu coração, máquina e mistério,
bate antes mesmo de saberes.
Tudo isso,
a pedra, o vento, o sangue,
o pensamento que surge e foge,
grita que a vida não se deixa aprisionar,
o real não se adorna: ele confronta,
faz tremer o hábito, questiona a rotina.
Se olhares de olhos despertos
não há explicação suficiente,
cada instante é revolução,
cada respiração, poesia em carne viva,
cada escolha consciente, um ato de liberdade
num universo que não cede ao conforto da ilusão.
Desperta,
o espanto é real
e se não acordares
será apenas mais uma sombra
entre milhões que se recusaram a ver.
(Vivemos rodeados de mistérios, mas o maior de todos é
a própria realidade. Muitas vezes procuramos sinais ocultos ou forças
invisíveis, quando o real diante de nós já é, em si, incompreensível e
deslumbrante. A ciência não precisa de adornos para nos maravilhar: basta olhar
para o céu, para a vida, para o cérebro humano, e percebemos que sabemos tão
pouco. Este poema nasce desse assombro, não do desejo de inventar, mas da
coragem de contemplar. É no real que se encontra o mais profundo enigma, e é
nele que começa o verdadeiro despertar.)
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