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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Ecos de Fé e Poder

No silêncio das ruas de Jerusalém,

uma voz caminhava entre homens, simples e intensa,

falando de amor, de justiça, de horizontes infinitos.

Era a semente de uma luz que não pedia coroas nem templos.

 

Mas os homens, sempre atentos ao que pode ser possuído,

tomaram essa luz e começaram a moldá-la.

Roma ergueu muralhas de pedra e hierarquia,

canonizou palavras, fechou portas,

decidiu o que podia ser lido e crido,

escondendo o que poderia libertar demais.

 

Séculos depois, no Oriente e no Ocidente,

o cisma dividiu os rios da fé:

Ortodoxos, Católicos,

tradições separadas, mas ainda ligadas

à mesma semente original que caminhava pelas ruas.

 

Então vieram os reformadores,

Martinho Lutero, Calvino, vozes que berraram contra a estrutura.

Tentaram arrancar o véu do dogma,

reclamar o direito de cada alma interpretar,

mas os homens não deixavam de tentar conter,

de guiar, de moldar, de usar a fé como escudo e espada.

 

E em cada cruz, em cada púlpito,

em cada ritual imposto,

uma verdade antiga foi esquecida:

que a essência de Cristo não era poder,

não era dominação, não era armas ou leis,

mas compaixão, dúvida, liberdade de coração.

 

Batistas, Metodistas, Pentecostais,

Adventistas e Mórmons, Testemunhas de Jeová,

seguiram caminhos próprios,

mas até nos textos novos,

a mão humana tentou ajustar, filtrar, controlar,

para que a fé servisse à ordem, e não ao espírito.

 

E ainda assim, no silêncio entre os livros,

nos textos esquecidos, nas sombras dos cânones,

uma verdade permanece, intocada:

nenhum poder humano pode apagar a centelha

que sussurra que o divino é liberdade,

que a fé não se impõe, apenas se encontra,

que a essência foi sempre entregue para ser vivida,

não possuída, não usada para matar, não usada para dominar.

 

Hoje, milhares de vozes clamam,

algumas em cânticos, outras em guerra,

mas a essência da semente ainda persiste,

entre becos, pergaminhos e corações humanos:

a busca de cada alma pelo divino

não moldada, não amordaçada,

mas viva, silenciosa e eterna.

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