Antes do tempo, já existia a chama,
a consciência que dorme nas estrelas.
Desceu à matéria como sopro,
para lembrar à argila o que é o eterno.
Não nasceu de ventre apenas,
mas do encontro entre céu e terra,
onde o espírito se lembra de si
no instante em que respira um corpo.
Caminhou entre sombras humanas,
falando do Reino que não se vê,
não o dos céus distantes,
mas o que pulsa por dentro das veias do ser.
Foi crucificado em todos nós,
nas vezes em que negámos o amor,
e ressuscitou em cada perdão
que soube romper o ciclo do sofrimento.
Porque o Cristo não é um nome,
nem pertence a uma só história,
é o sol secreto dentro do Homem,
que insiste em nascer, mesmo na noite.
(Este poema homenageia o Cristo arquetípico e
universal, símbolo do despertar da consciência divina no ser humano. Mais do
que figura histórica, ele representa a luz solar e interior, presente em mitos
antigos de Horus, Osíris, Mitra e tantos outros, que renasce, em cada época,
com um novo nome e um mesmo propósito: recordar-nos quem somos.)
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