São palavras baratas
vendidas ao quilo nas praças da
pressa,
e há quem as coma como pão.
Repetem-se slogans como mantras de
feira,
e o povo, exausto de pensar,
fecha os olhos
e diz que sim.
Não querem mais dúvidas,
querem o fácil,
o claro,
o que grite mais alto.
A verdade, que sussurra,
não tem microfone nem palanque.
Há vozes que prometem
limpar tudo com raiva,
fazer nascer ordem da violência,
decência da crueldade,
identidade do medo.
E os olhos cansados não distinguem
o homem de Estado
do vendedor de promessas.
Chamam coragem ao grito,
força à arrogância,
justiça ao castigo.
O pensamento
torna-se artigo de luxo.
Quem duvida,
é traidor,
quem pergunta,
é brando.
quem resiste,
é censurado pelos que sonham
com chefes e hinos e marchas.
Não há crítica,
há claque.
Não há cuidado,
há raiva embalada.
E os homens de bem
são chamados fracos
porque não berram,
não insultam,
não dividem.
Mas o tempo há-de chegar
em que o silêncio dos lúcidos
será mais ruidoso que a gritaria
e então, talvez,
renasça o critério
como pão amassado com tempo.
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