Não basta acender a luz
e esperar que o milagre aconteça.
O palco só é templo
se a verdade ali se ajoelhar
ao lado do público.
A arte que se fecha
é espelho baço,
reflexo de si,
e só de si.
O teatro vive
do risco de escutar.
Não se escreve para paredes,
mas para rostos que respiram,
para almas que trazem os seus
próprios
silêncios por dizer.
O actor não se basta.
O autor não é oráculo.
A obra não é oferenda
se não se constrói
com o mundo no ouvido.
Há distância que mata,
há densidade que afasta
como quem ergue muralhas
com palavras que ninguém usa.
Mas há também
a escuta funda,
o movimento sincero,
a palavra que se abre
como quem convida
e não impõe.
É aí que tudo se cumpre:
quando o palco é um corpo
e a plateia,
o seu coração que responde.
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