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terça-feira, 8 de julho de 2025

Na Frequência do Real / J.M.J.

Não basta acender a luz

e esperar que o milagre aconteça.

O palco só é templo

se a verdade ali se ajoelhar

ao lado do público.

 

A arte que se fecha

é espelho baço,

reflexo de si,

e só de si.

 

O teatro vive

do risco de escutar.

Não se escreve para paredes,

mas para rostos que respiram,

para almas que trazem os seus próprios

silêncios por dizer.

 

O actor não se basta.

O autor não é oráculo.

A obra não é oferenda

se não se constrói

com o mundo no ouvido.

 

Há distância que mata,

há densidade que afasta

como quem ergue muralhas

com palavras que ninguém usa.

 

Mas há também

a escuta funda,

o movimento sincero,

a palavra que se abre

como quem convida

e não impõe.

 

É aí que tudo se cumpre:

quando o palco é um corpo

e a plateia,

o seu coração que responde.

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