Existe um tempo em que o chão se dissolve,
e os passos não fazem som,
onde tudo o que antes te vestia
fica para trás,
pendurado no silêncio.
Não é queda,
é despojamento.
É a arte de morrer sem partir,
de nascer sem corpo ainda.
As paredes da tua antiga força
rendem-se ao toque de uma água invisível
que não destrói,
mas desfaz
até à essência.
E ao mesmo tempo,
uma mão de pedra molda-te
com o frio da exigência,
como se dissesse:
“És mais do que sonhas,
mostra.”
Estás entre mundos,
onde os olhos não bastam
e a fé não é crença,
é respiração.
Ainda não sabes quem serás,
mas sabes que já não és quem eras.
E isso,
é o começo.
Sem comentários:
Enviar um comentário