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quarta-feira, 9 de julho de 2025

Travessia sem Nome / J.M.J.

Existe um tempo em que o chão se dissolve,

e os passos não fazem som,

onde tudo o que antes te vestia

fica para trás,

pendurado no silêncio.

 

Não é queda,

é despojamento.

É a arte de morrer sem partir,

de nascer sem corpo ainda.

 

As paredes da tua antiga força

rendem-se ao toque de uma água invisível

que não destrói,

mas desfaz

até à essência.

 

E ao mesmo tempo,

uma mão de pedra molda-te

com o frio da exigência,

como se dissesse:

“És mais do que sonhas,

mostra.”

 

Estás entre mundos,

onde os olhos não bastam

e a fé não é crença,

é respiração.

 

Ainda não sabes quem serás,

mas sabes que já não és quem eras.

 

E isso,

é o começo.

 

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