Às vezes o mundo parece uma mesa onde todos falam,
e ninguém ouve.
As intenções são nobres, às vezes até justas,
mas cada frase nasce torta,
carregando a sombra de algo não dito.
O desejo de construir entendimento existe,
tenta erguer-se como uma ponte nova,
mas assenta em terreno frágil:
expectativas que não se encontram,
estruturas que não seguram peso,
futuros que se desmancham ao toque.
As vozes chocam,
como se cada uma defendesse o seu próprio território,
e a ideia de consenso
fosse uma miragem ao longe.
Há quem confunda firmeza com vitória,
e quem confunda vitória com poder.
Mas esse impulso de se declarar dono da razão
traz apenas conflito,
uma força que destrói antes de compreender.
Enquanto isso,
por baixo da superfície das conversas,
move-se algo silencioso:
a perceção de que não basta querer acertar,
é preciso saber escutar
onde a palavra ainda não nasceu.
E talvez seja este o trabalho do presente:
aceitar que acordos feitos à pressa
são como argila mal tocada,
não seguram a forma,
nem resistem ao tempo.
Mais do que decidir,
importa reconhecer o que ainda não tem corpo,
o que precisa de maturar
antes de poder ser chamado de verdade.
Porque, só quando a linguagem se assenta
e a vontade perde a sua arrogância,
é que surge um caminho
onde ninguém precisa vencer
para que todos possam avançar.
(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa
levantado para o dia 27/11/2025, calculado para Greenwich, traduzindo em
linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito
humano.)
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