Por vezes o mundo parece sussurrar
uma mudança quase impercetível,
como se o ar tomasse outra direção
e o corpo, sem pensar, se endireitasse
para ouvir melhor.
As pessoas cruzam-se nas ruas
com um silêncio atento nos olhos;
não é peso, é pressentimento.
Algo se aproxima,
e cada um tenta alinhar-se por dentro
antes de ser apanhado desprevenido.
As conversas encurtam;
tornam-se exatas.
Ninguém quer gastar energia
em histórias gastas.
Só importa o essencial,
o que ainda sustenta o que estamos a erguer.
E enquanto isso, pequenas tensões sobem do chão,
como tremores discretos:
não é colapso, é aviso.
O mundo recorda-nos que tudo tem limite,
que nada permanece imóvel
só porque o desejamos.
Mas, entre estes movimentos densos,
um fio de lucidez atravessa o que nos envolve:
uma clareza firme e silenciosa
que distingue medo de verdade,
ruído de direção.
E talvez isto baste:
não resolver, mas reconhecer.
Saber que algo começa a mudar
antes mesmo de ter nome,
e que a preparação nasce
no gesto simples de não fingir.
(Poema inspirado nos aspetos astrológicos do mapa
levantado para o dia 19 de novembro de 2025, calculado para Greenwich,
traduzindo em linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e
o espírito humano.)
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