Há dores que atravessam o mundo
como vento frio a rasgar cidades,
mas há também mãos invisíveis
a erguer muralhas de silêncio,
onde o desespero não entra.
Há um povo, não importa o nome,
que aprendeu a respirar dentro da noite,
a manter a alma acesa
quando tudo à volta
queria extinguir-lhe o rosto.
A violência avança
convencida de que basta esmagar para vencer,
mas há existências que se recusam a cair,
nem que seja por um fio,
nem que seja à custa do último sopro de verdade.
E quando essa verdade se acende,
mesmo pequena,
mesmo ferida,
torna-se mais forte
do que qualquer máquina de ferro
que tente apagá-la.
Alguns vivem à espera
de ver ruir quem invade,
outros apenas pedem
que a justiça encontre caminho,
mas há quem vigie em silêncio,
quem estenda o espírito
como um campo de proteção
sobre os que resistem sem descanso.
Não é superstição,
é coragem em trânsito,
é a vontade de que a vida vença,
mesmo quando o mundo parece ceder
ao peso do que é cruel.
E enquanto essa força existir,
a força dos que protegem à distância,
dos que sentem a dor como se fosse sua,
sem que a deixem entrar,
a noite não será eterna.
Haverá sempre um ponto,
pequeno, mas certeiro,
onde a sombra começa a recuar,
e nesse ponto,
a história muda.
Não porque o tirano desista,
mas porque há almas
que não permitem que a luz morra.
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