Há dias em que acordamos
com o pensamento a desafinar o corpo,
como se uma parte de nós avançasse
e outra ainda procurasse chão.
Tudo parece exigir definição,
uma ordem, um contorno,
mas o ar está cheio de perguntas
que não cabem nos nomes que lhes damos.
O coração tenta abrir caminho:
leva vontade de crescer,
de construir sentido no meio do que é obscuro,
mas logo encontra uma muralha antiga,
feita de cautelas, memórias,
cicatrizes que dizem “espera”.
Entre a expansão e a reserva
forma-se uma tensão que não é ruído,
é ensinamento.
Dois movimentos a puxar o mesmo destino,
testando a nossa maturidade
perante o que sentimos.
Há também uma lucidez discreta,
quase subterrânea,
a lembrar-nos que o mundo não é só aquilo que vemos:
há correntes silenciosas
a guiar o que precisa de transformar-se,
e inspirações que sopram por trás das ideias,
como se outra inteligência nos falasse
através do inesperado.
Hoje, não é dia de certezas,
é dia de compreender o ajuste fino:
a voz que tropeça,
a emoção que tenta organizar-se,
o impulso que quer avançar
e encontra a responsabilidade à sua frente.
É nesse intervalo
que se revela a verdadeira força:
não a de decidir depressa,
mas a de respirar fundo
e deixar que cada peça
encaixe ao seu tempo.
(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa
levantado para o dia 15/11/2025, calculado para Greenwich, traduzindo em
linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito
humano.)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.