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segunda-feira, 3 de novembro de 2025

À Beira do Fim

Há dias em que o corpo é um abrigo cansado

e a alma parece um hóspede que quer partir.

Tudo pesa, até o respirar

se torna lembrança de outra vida.

 

O medo não grita, apenas sussurra:

“E se o caminho já acabou?”

Mas há algo, tênue, quase ausente,

que insiste em ficar.

 

Talvez seja o sopro de um anjo adormecido,

ou o eco de quem fui

a pedir-me mais um instante.

 

Então, silencio-me

e escuto o que ainda pulsa:

uma nota, um lume, um nome esquecido.

E percebo; o fim é apenas uma dobra,

um lugar onde o tempo se curva

para ouvir o que resta de nós.

 

Se eu partir, que seja leve,

como quem se dissolve em música.

Se eu ficar, que seja inteiro,

como quem regressa à vida

depois de se ter perdido no invisível.

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