Por vezes a consciência
recusa repetir o que já sabe,
e abre, em silêncio,
um espaço novo no peito.
Não é rebeldia,
é a necessidade simples
de não carregar o peso morto
das palavras gastas.
Mas dizer é difícil.
A língua tropeça
em tudo o que ainda dói,
e cada tentativa de nomear
faz o velho ferimento arder
como se a própria verdade
tivesse medo de ser tocada.
Tudo o que envelheceu por dentro
pede um corte limpo,
um gesto claro
capaz de separar
o que ainda respira
do que se mantém de pé
apenas por hábito.
A noite traz esse impulso:
romper pactos confusos
que nunca soubemos escrever,
e que, por não os termos escrito,
continuam a decidir por nós.
Procura-se uma linguagem
que não deforme o essencial,
que não nos traia
no instante em que tentamos
mostrar quem somos.
Procura-se o acordo possível
entre o que deseja nascer
e o que teme mudar.
E, no fundo,
é sempre a mesma pergunta
a atravessar o corpo:
Como falar de liberdade
com uma voz ferida?
A resposta não vem inteira,
insinua-se,
como quem toca a porta
de um futuro iminente
e diz, sem ruído:
Transforma-te,
antes que o velho
te volte a calar.
(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa
levantado para o dia 25/11/2025, calculado para Greenwich, traduzindo em
linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito
humano.)
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