Há manhãs que começam como um fio silencioso,
sem anúncio,
mas com uma espécie de deslizamento interior
que não se consegue explicar.
O mundo está mais desperto
do que parecia ontem,
como se uma porta tivesse sido empurrada
de dentro para fora
e ainda ninguém tivesse reparado nisso
com clareza.
A energia move-se,
mas não empurra;
abre espaço.
Há um brilho discreto na mente,
uma nitidez que não é lógica,
é instintiva,
uma sensação de que certas dores antigas
não precisam agora de se justificar,
basta reconhecê-las
e deixá-las passar
sem lhes pedir contas.
Nas relações,
não existe drama,
mas há pequenos atritos que pedem revisão:
ajustes finos,
motivações não ditas,
vontades que querem alinhar-se
com o que é verdadeiro.
Nada explode,
mas tudo sinaliza.
É assim que o mundo prepara mudanças:
não com tempestades,
mas com detalhes.
A base da vida,
o lar, os afetos próximos,
o território emocional,
fica mais exposto ao toque.
Não é fragilidade:
é sensibilidade em estado de início,
como quem começa um ciclo
e ainda não sabe o que esse ciclo
vai pedir.
Ao fundo, há uma coordenação mais ampla,
um entendimento que cresce devagar,
ligando passado e futuro
por uma linha quase invisível.
É como se o tempo nos dissesse:
“Segue por aqui.
Ainda não vês,
mas é por aqui.”
A renovação que se abre
não é grandiosa,
mas é verdadeira
e tem a força calma
de quem sabe
que os grandes começos
são quase sempre silenciosos.
(Poema inspirado nos aspetos astrológicos do mapa levantado para o dia 21
de novembro de 2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética
as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.