Há começos que surgem sem aviso,
não brilhantes,
mas necessários,
como o instante em que a luz toca uma fronteira
e faz o invisível estremecer.
A vida pede um movimento inaugural,
tímido,
mas honesto;
um impulso que crie coragem,
outro que desaprenda o medo,
e entre ambos,
um entendimento subtil
que não se diz em palavras
mas permanece,
como uma linha que liga o que queremos
ao que já não podemos adiar.
Os pensamentos descem mais fundo
e tornam-se mais claros;
não são certezas,
são direções.
Um mapa interior que se redesenha
devagar,
com precisão silenciosa,
como se as águas se alinhassem
por si mesmas.
As emoções aproximam-se
com a ternura de quem sabe
que não precisa de forçar nada:
apenas acompanhar o que cresce.
Há um cuidado novo no íntimo,
um desejo de proteger o que é verdadeiro
sem erguer muros
nem fugir de sombras antigas.
E enquanto isto se move por dentro,
a vida exterior rearranja-se
de forma discreta,
como se alguém deslocasse as peças
com mãos invisíveis.
Nenhuma surpresa é gratuita,
nenhuma alteração é capricho:
é tudo parte de um mesmo caminho
que ainda não vemos por inteiro,
mas já reconhecemos
pelos sinais que acendem no corpo.
O tempo não exige pressa,
exige presença,
abertura,
o consentimento íntimo
de seguir em frente
mesmo sem resposta completa.
Porque há certos começos assim:
em que o novo não grita,
mas respira,
e quem escuta
descobre que basta um passo,
um só,
para que o mundo comece
a mudar de direção.
(Poema inspirado nos aspetos astrológicos do mapa
levantado para o dia 23 de novembro de 2025, calculado para Greenwich,
traduzindo em linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e
o espírito humano.)
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