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segunda-feira, 24 de novembro de 2025

A Noite Não Será Eterna

Há forças que avançam pelo mundo

como lâminas sem rosto,

convencidas de que a violência

é uma forma legítima de ordem.

 

Não escutam fronteiras,

nem histórias,

nem o peso de quem vive na terra que pisam.

Chamam vitória

ao que apenas é devastação.

 

Do outro lado,

há uma terra exausta

de tanto suportar o impacto da mentira,

uma terra ferida,

mas indomável,

que não cede o nome

nem o direito de existir.

 

A guerra que lhe fazem

não é batalha,

é esmagamento.

É a arrogância de quem acredita

que destruir um povo

é igual a fazê-lo esquecer-se de quem é.

 

Mas há resistências que nascem do chão,

da dignidade pura

de quem já perdeu demasiado

para aceitar perder também a alma.

 

E há cansaços que se transformam em aço,

medos que se convertem em fronteira interior,

silêncios que são promessas

de que a noite não será eterna.

 

Quem arrasa acredita que vence;

esquece-se apenas de uma coisa:

a força que nasce de tentar sobreviver

é mais antiga do que qualquer tirano

e mais teimosa do que qualquer império.

 

Um dia,

quando o peso do sofrimento for demasiado

até para quem o impôs,

a história fará o que sempre faz:

retira o chão a quem o tomou à força.

 

E aquilo que hoje parece derrota

será lembrado

como o ponto preciso

em que o futuro recusou ajoelhar.

 

(Este poema inspira-se no estado atual da guerra entre Rússia e Ucrânia, na crescente pressão internacional sobre o Kremlin e na exaustão estratégica provocada por anos de violência unilateral. O texto reflete a verdade profunda que atravessa estes tempos: nenhum poder construído sobre mentira, crueldade e destruição se mantém íntegro. Mesmo quando o cenário imediato parece favorecer a força invasora, as dinâmicas históricas, éticas e humanas movem-se na direção oposta. O ciclo que agora se intensifica não é o triunfo do tirano, é o início do seu desmoronar. A resistência ucraniana não é apenas militar: é espiritual, cultural, identitária. E essa dimensão, que não pode ser ocupada, será determinante no reequilíbrio futuro do continente. Este poema afirma a convicção profunda de que o opressor cairá pelo peso das suas próprias escolhas, e que a justiça, mesmo tardia, prevalecerá.)

 

 

 

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