Não se teme a morte,
mas o corpo que fica,
preso à metade da alma
que já partiu.
Alguns gestos sabem a risco,
não por ignorância,
mas por querer sentir a própria liberdade
até ao limite.
A poesia é o que ainda respira.
Transforma o erro em matéria de alma,
a culpa em matéria leve,
a dor em chama quieta.
Não há heranças,
senão palavras,
estas que nascem do remorso,
da ternura tardia,
da tentativa de compreender.
E se algo restar,
que seja isto,
o murmúrio de quem aceitou o fim
como se aceita o silêncio
depois de um longo poema.
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