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domingo, 16 de novembro de 2025

Respiração do Tempo - O Silêncio que Prepara

Há um recolhimento que se instala devagar,

não como renúncia,

mas como quem precisa de ordenar por dentro

as peças que ainda não encontraram lugar.

 

A luz diminui,

mas torna-se mais precisa;

mostra o essencial,

desenha contornos onde antes havia apenas ruído,

aproxima-nos do que ficou por dizer.

 

Há gestos antigos que procuram interpretação

e, sem pressa,

a mente aprende a ouvir a origem das decisões,

como se cada ideia tivesse uma raiz

que agora se deixa revelar.

 

Movimentos discretos alinham o que parecia disperso.

A maturidade não faz barulho,

mas abre espaço:

ensina-nos a reconhecer limites

sem desistir das possibilidades

que pedem tempo para germinar.

 

No fundo do peito,

há um apelo para cuidar melhor do que sustenta a vida

e deixar ir o que apenas consome.

É um cuidado simples,

uma limpeza íntima,

daquelas que libertam

sem dramatizar.

 

E, por entre fendas quase invisíveis,

o que permanecia escondido

ergue o rosto pela primeira vez,

não exigindo confronto,

apenas verdade.

 

As dores antigas existem,

mas não comandam;

são eco,

lembrança distante,

uma nota que atravessa o ar

sem o prender.

 

Tudo se orienta para dentro,

como se o silêncio

fosse preparando o terreno

para uma mudança sem nome,

mas já a respirar.

 

(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa levantado para o dia 17 de novembro de 2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)

 

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