Há um recolhimento que se instala devagar,
não como renúncia,
mas como quem precisa de ordenar por dentro
as peças que ainda não encontraram lugar.
A luz diminui,
mas torna-se mais precisa;
mostra o essencial,
desenha contornos onde antes havia apenas ruído,
aproxima-nos do que ficou por dizer.
Há gestos antigos que procuram interpretação
e, sem pressa,
a mente aprende a ouvir a origem das decisões,
como se cada ideia tivesse uma raiz
que agora se deixa revelar.
Movimentos discretos alinham o que parecia disperso.
A maturidade não faz barulho,
mas abre espaço:
ensina-nos a reconhecer limites
sem desistir das possibilidades
que pedem tempo para germinar.
No fundo do peito,
há um apelo para cuidar melhor do que sustenta a vida
e deixar ir o que apenas consome.
É um cuidado simples,
uma limpeza íntima,
daquelas que libertam
sem dramatizar.
E, por entre fendas quase invisíveis,
o que permanecia escondido
ergue o rosto pela primeira vez,
não exigindo confronto,
apenas verdade.
As dores antigas existem,
mas não comandam;
são eco,
lembrança distante,
uma nota que atravessa o ar
sem o prender.
Tudo se orienta para dentro,
como se o silêncio
fosse preparando o terreno
para uma mudança sem nome,
mas já a respirar.
(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa levantado para o dia 17
de novembro de 2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética
as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)
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