Por vezes o mundo parece um lugar onde ninguém se entende.
As palavras chegam partidas,
como se tivessem atravessado um nevoeiro antigo
antes de cair na boca.
A vontade de clareza existe,
arde até,
mas o caminho entre o que pensamos
e o que dizemos
está cheio de desvios secretos,
ecos velhos que distorcem o essencial.
Há verdades que tentam nascer
com a força de um princípio justo.
Querem erguer fundamentos limpos,
dar sentido ao que ficou torto,
mas encontram portas fechadas,
alianças frágeis, gestos incertos
que não sabem comprometer-se.
Dentro de cada um
há um fogo inquieto:
o impulso de defender o que é direito nosso,
e o cansaço de lutar contra quem
não sabe, ou não quer,
ouvir com honestidade.
As emoções sobem
como maré elétrica dentro da pele,
procurando um sinal,
uma linguagem que não traia
nem a ferida nem a esperança.
Mas nada, aqui, é simples.
O que está por resolver
mistura-se com o desejo de avançar,
e a própria ideia de futuro
parece uma frase incompleta.
Ainda assim,
há um ponto de lucidez
que insiste em permanecer,
uma nota firme
que não se dobra ao ruído.
Talvez não seja tempo de acordos,
nem de revelações,
mas de reconhecer o que está confuso,
de não forçar entendimento
onde apenas persiste sombra,
e de guardar a chama interior
que sabe distinguir
o que vale a pena
daquilo que apenas nos desvia.
Porque quando a linguagem falha,
a verdade aprende outra forma
de se fazer ouvir.
(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa levantado para o dia
26/11/2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética as
energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)
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