Seguidores

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Respiração do Tempo — Quando Algo se Aclara no Meio do Imprevisto

Certos dias há,

em que a mente parece uma lâmina de água,

transparente o suficiente

para deixar ver o que estava escondido,

mas agitada demais

para garantir que a visão é estável.

 

É um equilíbrio estranho:

por um lado, tudo se torna mais nítido,

como se uma intuição antiga

finalmente aprendesse a falar;

por outro, há movimentos bruscos,

pequenos abalos,

como se a vida testasse

o que já estamos prontos para largar.

 

Dentro de nós,

a clareza e o imprevisto

dividem o mesmo espaço.

 

Os pensamentos aprofundam-se,

tocam zonas onde normalmente não vamos,

e algo sussurra,

como uma voz que vem

de um corredor esquecido:

“olha mais fundo,

não temas o que descobrires”.

 

Mas enquanto essa escuta se abre,

há também qualquer coisa que nos desloca,

uma tensão rápida,

um gesto que sai do lugar

antes que o controlemos.

Não é erro,

é sinal.

É a vida a dizer

que certas estruturas já não servem,

mesmo que ainda não saibamos

como construir as novas.

 

As emoções aproximam-se devagar,

com um calor sincero,

e o corpo responde

como se quisesse proteger o que é importante:

a casa interior,

os laços que sustentam,

o solo onde repousa a nossa verdade.

Nada disso está firme,

mas tudo está vivo.

E isso mantém-nos inteiros.

 

Entre o íntimo e o inesperado,

há uma lucidez que nos guia,

uma espécie de coordenação invisível,

como se alguém, dentro ou fora de nós,

pusesse as peças

em alinhamento secreto.

Percebemos pouco,

mas pressentimos tudo.

 

E nesse pressentimento,

mesmo que haja sobressaltos,

surge também uma paz estranha,

a paz de saber

que a mudança não precisa ser ruidosa

para ser real.

 

Alguns passos custam,

outros iluminam.

Mas todos, sem exceção,

conduzem ao mesmo lugar:

aquele onde deixamos de temer o novo

e começamos a reconhecê-lo

como parte do que somos.

 

(Poema inspirado nos aspetos astrológicos do mapa levantado para o dia 22 de novembro de 2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.