O amor habita a carne e o silêncio,
entre filhos que se afastam
e pais que se tornam sombra.
É chama que arde no gesto contido,
na espera do outro,
no sopro que se reconhece em si mesmo.
Há amores que ferem,
que erguem fronteiras,
que ceifam vidas pelo medo,
pela posse, pelo vazio do poder.
E há amores que se inclinam
diante do invisível,
que escutam a respiração do mundo
antes de julgar ou tocar.
Sou feito do mesmo sopro,
habitante de todos os que me habitam,
entre raiva e ternura,
entre abandono e cuidado.
Que o amor que percebo
não se limite ao que possuo,
não se detenha em domínio,
mas alcance o frágil,
o que é subtil,
o que existe mesmo sem mim.
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