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sábado, 15 de novembro de 2025

Respiração do Tempo - A Harmonia Que Cresce Devagar

Existem fases em que o mundo parece falar baixo,

não por falta de urgência,

mas porque a claridade cresce

no interior das contradições.

 

A memória abre uma porta lenta,

uma harmonia discreta entre o que amadurece

e o que insiste em permanecer.

É uma trégua rara, quase impercetível,

um gesto de maturidade que chega tarde,

mas chega.

 

Ao mesmo tempo,

há um movimento mais fundo, subterrâneo,

como se a própria vida quisesse reorganizar

a forma como sonhamos.

Antigos pressentimentos alinham-se

com possibilidades tímidas,

soprando a sensação

de que o mundo ainda pode ser mais amplo

do que o nosso limite.

 

Mas nem tudo se acomoda sem atrito.

O corpo guarda feridas

que nunca encontraram explicação justa.

Há impulsos que não entendemos,

reações herdadas de versões nossas

que tentaram sobreviver antes de nós.

E isso raspa, desvia, fricciona,

especialmente quando queremos avançar depressa

e a dor não acompanha o passo.

 

Talvez seja por isso

que a coragem precisa de paciência,

e a paciência,

de uma honestidade interior rara:

a que reconhece que nem toda a força

se revela em movimento.

Às vezes, força é parar,

respirar o desconforto

e deixá-lo procurar uma nova direção.

 

No fundo,

o que nos é pedido agora

é escutar o invisível:

as lições que o passado repete

até que as entendamos,

as tentativas de futuro

que procuram linguagem,

a pequena reconciliação possível

entre o que somos

e o que ainda estamos a aprender.

 

 

(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa levantado para o dia 16 de novembro de 2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)

 

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