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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Respiração do Tempo — A Argila dos Acordos

Às vezes o mundo parece uma mesa onde todos falam,

e ninguém ouve.

As intenções são nobres, às vezes até justas,

mas cada frase nasce torta,

carregando a sombra de algo não dito.

 

O desejo de construir entendimento existe,

tenta erguer-se como uma ponte nova,

mas assenta em terreno frágil:

expectativas que não se encontram,

estruturas que não seguram peso,

futuros que se desmancham ao toque.

 

As vozes chocam,

como se cada uma defendesse o seu próprio território,

e a ideia de consenso

fosse uma miragem ao longe.

 

Há quem confunda firmeza com vitória,

e quem confunda vitória com poder.

Mas esse impulso de se declarar dono da razão

traz apenas conflito,

uma força que destrói antes de compreender.

 

Enquanto isso,

por baixo da superfície das conversas,

move-se algo silencioso:

a perceção de que não basta querer acertar,

é preciso saber escutar

onde a palavra ainda não nasceu.

 

E talvez seja este o trabalho do presente:

aceitar que acordos feitos à pressa

são como argila mal tocada,

não seguram a forma,

nem resistem ao tempo.

 

Mais do que decidir,

importa reconhecer o que ainda não tem corpo,

o que precisa de maturar

antes de poder ser chamado de verdade.

 

Porque, só quando a linguagem se assenta

e a vontade perde a sua arrogância,

é que surge um caminho

onde ninguém precisa vencer

para que todos possam avançar.

 

 

(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa levantado para o dia 27/11/2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)

 

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Respiração do Tempo — A Língua do Sinal Interior

Por vezes o mundo parece um lugar onde ninguém se entende.

As palavras chegam partidas,

como se tivessem atravessado um nevoeiro antigo

antes de cair na boca.

 

A vontade de clareza existe,

arde até,

mas o caminho entre o que pensamos

e o que dizemos

está cheio de desvios secretos,

ecos velhos que distorcem o essencial.

 

Há verdades que tentam nascer

com a força de um princípio justo.

Querem erguer fundamentos limpos,

dar sentido ao que ficou torto,

mas encontram portas fechadas,

alianças frágeis, gestos incertos

que não sabem comprometer-se.

 

Dentro de cada um

há um fogo inquieto:

o impulso de defender o que é direito nosso,

e o cansaço de lutar contra quem

não sabe, ou não quer,

ouvir com honestidade.

 

As emoções sobem

como maré elétrica dentro da pele,

procurando um sinal,

uma linguagem que não traia

nem a ferida nem a esperança.

 

Mas nada, aqui, é simples.

O que está por resolver

mistura-se com o desejo de avançar,

e a própria ideia de futuro

parece uma frase incompleta.

 

Ainda assim,

há um ponto de lucidez

que insiste em permanecer,

uma nota firme

que não se dobra ao ruído.

 

Talvez não seja tempo de acordos,

nem de revelações,

mas de reconhecer o que está confuso,

de não forçar entendimento

onde apenas persiste sombra,

e de guardar a chama interior

que sabe distinguir

o que vale a pena

daquilo que apenas nos desvia.

 

Porque quando a linguagem falha,

a verdade aprende outra forma

de se fazer ouvir.

 

 

(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa levantado para o dia 26/11/2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)

 

Respiração do Tempo — Transforma-te

Por vezes a consciência

recusa repetir o que já sabe,

e abre, em silêncio,

um espaço novo no peito.

 

Não é rebeldia,

é a necessidade simples

de não carregar o peso morto

das palavras gastas.

 

Mas dizer é difícil.

A língua tropeça

em tudo o que ainda dói,

e cada tentativa de nomear

faz o velho ferimento arder

como se a própria verdade

tivesse medo de ser tocada.

 

Tudo o que envelheceu por dentro

pede um corte limpo,

um gesto claro

capaz de separar

o que ainda respira

do que se mantém de pé

apenas por hábito.

 

A noite traz esse impulso:

romper pactos confusos

que nunca soubemos escrever,

e que, por não os termos escrito,

continuam a decidir por nós.

 

Procura-se uma linguagem

que não deforme o essencial,

que não nos traia

no instante em que tentamos

mostrar quem somos.

 

Procura-se o acordo possível

entre o que deseja nascer

e o que teme mudar.

 

E, no fundo,

é sempre a mesma pergunta

a atravessar o corpo:

 

Como falar de liberdade

com uma voz ferida?

 

A resposta não vem inteira,

insinua-se,

como quem toca a porta

de um futuro iminente

 

e diz, sem ruído:

 

Transforma-te,

antes que o velho

te volte a calar.

 

 

(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa levantado para o dia 25/11/2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)

 

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

A Luz Que Não Cede

Há dores que atravessam o mundo
como vento frio a rasgar cidades,
mas há também mãos invisíveis
a erguer muralhas de silêncio,
onde o desespero não entra.

Há um povo, não importa o nome,
que aprendeu a respirar dentro da noite,
a manter a alma acesa
quando tudo à volta
queria extinguir-lhe o rosto.

A violência avança
convencida de que basta esmagar para vencer,
mas há existências que se recusam a cair,
nem que seja por um fio,
nem que seja à custa do último sopro de verdade.

E quando essa verdade se acende,
mesmo pequena,
mesmo ferida,
torna-se mais forte
do que qualquer máquina de ferro
que tente apagá-la.

Alguns vivem à espera
de ver ruir quem invade,
outros apenas pedem
que a justiça encontre caminho,
mas há quem vigie em silêncio,
quem estenda o espírito
como um campo de proteção
sobre os que resistem sem descanso.

Não é superstição,
é coragem em trânsito,
é a vontade de que a vida vença,
mesmo quando o mundo parece ceder
ao peso do que é cruel.

E enquanto essa força existir,
a força dos que protegem à distância,
dos que sentem a dor como se fosse sua,
sem que a deixem entrar,
a noite não será eterna.

Haverá sempre um ponto,
pequeno, mas certeiro,
onde a sombra começa a recuar,
e nesse ponto,
a história muda.

Não porque o tirano desista,
mas porque há almas
que não permitem que a luz morra.


A Noite Não Será Eterna

Há forças que avançam pelo mundo

como lâminas sem rosto,

convencidas de que a violência

é uma forma legítima de ordem.

 

Não escutam fronteiras,

nem histórias,

nem o peso de quem vive na terra que pisam.

Chamam vitória

ao que apenas é devastação.

 

Do outro lado,

há uma terra exausta

de tanto suportar o impacto da mentira,

uma terra ferida,

mas indomável,

que não cede o nome

nem o direito de existir.

 

A guerra que lhe fazem

não é batalha,

é esmagamento.

É a arrogância de quem acredita

que destruir um povo

é igual a fazê-lo esquecer-se de quem é.

 

Mas há resistências que nascem do chão,

da dignidade pura

de quem já perdeu demasiado

para aceitar perder também a alma.

 

E há cansaços que se transformam em aço,

medos que se convertem em fronteira interior,

silêncios que são promessas

de que a noite não será eterna.

 

Quem arrasa acredita que vence;

esquece-se apenas de uma coisa:

a força que nasce de tentar sobreviver

é mais antiga do que qualquer tirano

e mais teimosa do que qualquer império.

 

Um dia,

quando o peso do sofrimento for demasiado

até para quem o impôs,

a história fará o que sempre faz:

retira o chão a quem o tomou à força.

 

E aquilo que hoje parece derrota

será lembrado

como o ponto preciso

em que o futuro recusou ajoelhar.

 

(Este poema inspira-se no estado atual da guerra entre Rússia e Ucrânia, na crescente pressão internacional sobre o Kremlin e na exaustão estratégica provocada por anos de violência unilateral. O texto reflete a verdade profunda que atravessa estes tempos: nenhum poder construído sobre mentira, crueldade e destruição se mantém íntegro. Mesmo quando o cenário imediato parece favorecer a força invasora, as dinâmicas históricas, éticas e humanas movem-se na direção oposta. O ciclo que agora se intensifica não é o triunfo do tirano, é o início do seu desmoronar. A resistência ucraniana não é apenas militar: é espiritual, cultural, identitária. E essa dimensão, que não pode ser ocupada, será determinante no reequilíbrio futuro do continente. Este poema afirma a convicção profunda de que o opressor cairá pelo peso das suas próprias escolhas, e que a justiça, mesmo tardia, prevalecerá.)

 

 

 

domingo, 23 de novembro de 2025

Respiração do Tempo — A Linha que se Move em Silêncio

Algo se realinha por dentro

sem anunciar nada.

Não é revelação,

é um ajuste silencioso,

como quem muda a direção de uma vida

um milímetro de cada vez.

 

Uma parte antiga resiste,

outra sabe que não pode continuar igual.

Entre as duas nasce a tensão verdadeira:

permanecer no que conhecemos

ou abrir espaço ao que ainda não tem forma.

 

A ferida que parecia imóvel

começa a responder a um toque interior.

Não dói mais,

mas também não adormece.

Mostra o que precisa de cuidado

para que o caminho adiante não repita

o que já não sustenta.

 

Nada disto é rápido.

O que muda de modo autêntico

move-se devagar,

como quem aprende a respirar outra vez

até que o corpo reconheça o novo ritmo

e o aceite.

 

E quando esse ritmo finalmente se instala,

o que estava fechado

cede.

Não para trazer facilidade,

mas para abrir espaço

à verdade que antes não conseguíamos dizer.

 

Porque a transformação real

nunca chega com espetáculo,

chega com precisão.

 

 

(Poema inspirado nos aspetos astrológicos, do mapa levantado para o dia 24 de novembro de 2025, calculado para Greenwich, traduzindo em linguagem poética as energias simbólicas que atravessam o tempo e o espírito humano.)