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terça-feira, 22 de julho de 2025

Ritual da Integração / J.M.J.

Recolho-me ao centro do que sou,

onde o tempo se curva e os nomes cessam.

Chamo cada parte perdida,

cada fragmento esquecido,

cada gesto que ficou suspenso

nas dobras da minha história.

 

Que venha o que vi no escuro

e me ensine a confiar na sombra,

que venha o que sonhou demais

e dissolva as margens da razão,

que venha o que ardeu no desejo

e reate a centelha onde me apaguei.

 

Que venha o velho que impôs silêncio

e me liberte sem culpa,

que venha a criança que chorou em segredo

e me toque com mãos de verdade,

que venha o que fala aos outros

e me devolva a palavra sagrada.

 

Sou agora

o todo que em mim faltava.

Sou o que ama, o que falha,

o que luta, o que teme,

o que ri no abismo e dança no fim.

 

Unifico,

Consagro,

recebo.

 

O que era dividido em mim

agora se senta à mesma mesa,

bebe do mesmo fogo,

reconhece-se sem disputa.

 

E enquanto respiro,

a vibração que me criou

pulsando no invisível,

alinha-se ao que sou

e ao que ainda serei.

 

Agradeço,

 

e permaneço.

 

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