Seguidores

sábado, 19 de julho de 2025

Na Casa do Vento / J.M.J.

Ergueu torres com os olhos no céu,

mas esqueceu que o tempo não tem escadas,

nem pressa.

 

Gravou o nome na pedra

e gritou à eternidade,

como quem ordena o silêncio.

 

Mas o tempo, esse artesão paciente,

começou a desenhar fendas no ouro,

rachaduras nas estátuas,

ecos nas promessas.

 

Lá do alto,

ouviu-se um ranger de aço velho

e as alianças dissolviam-se em névoa

e o poder, antes músculo e voz,

tornava-se sombra sem forma.

 

No espelho, o reflexo vacila,

não por falta de luz,

mas porque os olhos,

cansados de ver apenas a si,

já não reconhecem o mundo.

 

Um império ruge,

mas as fundações tremem,

e a muralha mais dura

é a que se levanta dentro.

 

Não há decreto

nem fortuna,

que compre o favor

daquele que impõe limites,

nem se escapa à maré

do que desfaz as fronteiras do eu.

 

Há um momento

em que até os gigantes

são apenas homens,

perdidos

na curva de um ciclo.

 

 

 

(Este poema foi inspirado pelos trânsitos astrológicos que atualmente desafiam a estrutura interna e externa de Donald Trump. O regresso simbólico de Saturno à sua oitava casa, agora em Carneiro, aponta para provações ligadas a perdas, confrontos com limites e consequências "kármicas", temas inevitáveis de quem durante décadas impôs o seu próprio ritmo ao mundo. Neptuno, em oposição ao seu posicionamento natal em Balança, desfaz certezas e pede rendição ao que é maior que o ego.

Plutão, por sua vez, inicia a travessia pela casa seis, desafiando rotinas, saúde e estruturas de trabalho. Tudo isto ocorre enquanto Úrano na casa dez exige reinvenção pública, pedindo adaptação onde antes havia apenas imposição.

Não se trata de prever desfechos, mas de reconhecer que até os que julgam ter conquistado o mundo enfrentam o tribunal silencioso do tempo.)

Sem comentários:

Enviar um comentário