Ergueu torres com os olhos no céu,
mas esqueceu que o tempo não tem escadas,
nem pressa.
Gravou o nome na pedra
e gritou à eternidade,
como quem ordena o silêncio.
Mas o tempo, esse artesão paciente,
começou a desenhar fendas no ouro,
rachaduras nas estátuas,
ecos nas promessas.
Lá do alto,
ouviu-se um ranger de aço velho
e as alianças dissolviam-se em névoa
e o poder, antes músculo e voz,
tornava-se sombra sem forma.
No espelho, o reflexo vacila,
não por falta de luz,
mas porque os olhos,
cansados de ver apenas a si,
já não reconhecem o mundo.
Um império ruge,
mas as fundações tremem,
e a muralha mais dura
é a que se levanta dentro.
Não há decreto
nem fortuna,
que compre o favor
daquele que impõe limites,
nem se escapa à maré
do que desfaz as fronteiras do eu.
Há um momento
em que até os gigantes
são apenas homens,
perdidos
na curva de um ciclo.
(Este poema foi inspirado pelos trânsitos astrológicos
que atualmente desafiam a estrutura interna e externa de Donald Trump. O
regresso simbólico de Saturno à sua oitava casa, agora em Carneiro, aponta para
provações ligadas a perdas, confrontos com limites e consequências
"kármicas", temas inevitáveis de quem durante décadas impôs o seu
próprio ritmo ao mundo. Neptuno, em oposição ao seu posicionamento natal em
Balança, desfaz certezas e pede rendição ao que é maior que o ego.
Plutão, por sua vez, inicia a travessia pela casa
seis, desafiando rotinas, saúde e estruturas de trabalho. Tudo isto ocorre
enquanto Úrano na casa dez exige reinvenção pública, pedindo adaptação onde
antes havia apenas imposição.
Não se trata de prever desfechos, mas de reconhecer
que até os que julgam ter conquistado o mundo enfrentam o tribunal silencioso
do tempo.)
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