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terça-feira, 22 de julho de 2025

Prece do Corpo (na primeira pessoa) / J.M.J.

Corpo,

não te digo, és meu.

Sou-te.

Sou-te inteiro,

desde o primeiro pulsar.

 

Não és carne,

és cosmos,

fábrica secreta

de tudo quanto sou

e ainda ignoro.

 

Em ti,

cada célula

é um reflexo de estrelas,

cada dor,

uma memória antiga

do que fui,

ou do que hei de ser.

 

Não me expliques,

respira

e sê presença.

 

Quando falhas.

Não te acuso.

Quando tremes,

sustento-te.

 

Tu és o meu chão

e o meu voo.

A tua finitude

não me limita,

amplia-me.

 

E se um dia

te desfizeres,

sei;

terei habitado

o infinito.

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