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domingo, 20 de julho de 2025

Colho o que sou / J.M.J.

Nada me chega

sem trazer a marca

do que sou por dentro.

 

Desejo céu,

mas cultivo o solo

com as sementes antigas

do medo e do orgulho.

 

Peço amor,

mas ergo muros ao redor do peito,

clamo por mudança,

e ajo como ontem.

 

Digo: mereço mais,

mas evito o espelho

onde veria

que ainda não me dou.

 

E no entanto,

não sou castigo nem falha,

sou caminho.

 

Posso hoje

escolher outra forma,

mudar a terra,

honrar o pouco,

agradecer o ser,

e então, talvez,

acolher o novo

que já me espera. 

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