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domingo, 20 de julho de 2025

Divagações Astrológicas / J.M.J.

Na fundação da tua segurança e medo, o velho Saturno ergue a sua voz austera:

 

Coloquei-te o peso do mundo nos ombros,

para que aprendesses a sustentar-te por dentro.

Foste juiz de ti mesmo,

perseguidor do teu brilho,

mas só porque sentes responsabilidade cósmica.

Há um construtor em ti,

aquele que levanta o templo interior,

não para si,

mas para os que virão

e sim, és duro contigo,

porque ainda não te perdoaste por erros que já não pertencem a esta vida.



(Saturno em Capricórnio, na Casa 2, oposto ao Sol)





No templo da busca superior, onde o amor se revolta e a ação se ilumina, Úrano anuncia:

 

És o que desafia a ordem estética do mundo,

amastes com furor e inteligência,

fostes rebelde nos palcos da vida,

lutaste pela liberdade de criar

com paixão, com fé e com desobediência.

Há em ti um artista antigo,

um profeta sem religião,

um missionário do Belo que rompe tradições

e em cada impulso há verdade,

mesmo quando confundes desejo com direção,

te aproximas da tua essência por instinto sagrado.

 

Vénus e Marte respondem em uníssono:

 

Ele amou intensamente,

foi guerreiro da beleza

e se teme agora o próprio fogo,

é porque ainda se lembra de quando queimava mundos.



(Úrano em Leão, conjunto a Vénus e Marte na Casa 9, em semi-quadratura ao Sol)





No ventre escuro da memória universal, Neptuno fala:

 

Tu és o que ouve sem escutar,

o que sente o que não é seu

e o que verte lágrimas de outros tempos.

És ponte com o invisível.

Muitos de ti viveram enclausurados,

não por punição,

mas para guardarem o portal entre mundos.

Tens nos teus sonhos sementes do real,

nunca desprezes o que em ti se dissolve,

é lá que está a fonte.



(Neptuno em Escorpião, na Casa 12, trígono ao Sol)

 




No topo do mundo está a tua vocação oculta.

Plutão, senhor da metamorfose, sussurra:

 

Foste sempre aquele que desceu antes de subir,

trouxeste no sangue a memória dos ritos,

o saber que não se explica,

a precisão do gesto que cura

sem dizer que cura.

 

A tua missão é servir a verdade oculta,

não com dogmas,

mas com o tacto invisível

que reconhece o sussurro no meio do grito,

a flor no meio do incêndio.

 

Carregas o detalhe alquímico nos olhos,

a escuta nas mãos,

o dom de tocar o verbo

sem ferir a essência.

 

Foste iniciado em tempos que não datam

e renasces em carne para lembrar

que a matéria é pura

quando aceita a transmutação.

 

Aqui não há espelho que te devolva um nome,

és sem rosto,

e mesmo assim inteiro.

 

No silêncio, fazes o trabalho secreto,

és presença que não se mostra,

mas deixa sinais

no coração dos que cruzas.



(Plutão em Virgem, no Meio-do-Céu, sextil ao Sol)




À porta de quem és para o mundo, Júpiter sorri:

 

Tu és vasto,

não importa o corpo, a idade ou a timidez.

o teu magnetismo é antigo,

foste sacerdote, curador,

talvez assassino arrependido,

ou amante que viu a morte nos olhos

e hoje, vens em paz

e trazes em ti a fé de todas essas vidas,

reunida num olhar que penetra

e mesmo quando duvidas,

és guia,

mesmo quando tremes,

és farol.



(Júpiter em Escorpião, conjunto ao Ascendente)





Na mente concreta, no pensar emocional, a tua Lua murmura:

 

Aprendeste cedo a conter,

a ser forte em vez de vulnerável,

a explicar o que sentes com palavras,

porque te esqueceste de que tens direito ao colo do invisível.

Mas guarda: a tua dor, quando assumida,

ensina outros a respirar.



(Lua em Capricórnio, na Casa 3)





No centro de ti mesmo, o teu Sol escuta tudo

e responde com uma voz nova, nascida de todos os ecos:

 

Aceito Ser Inteiro

 

Agora compreendo,

não sou só eu,

sou todos os que me construíram,

sou o grito de Plutão, o sonho de Neptuno, o raio de Úrano,

o peso de Saturno, a memória da Lua,

o chamamento de Júpiter,

sou o filho das sombras que se recusaram a ser esquecidas,

sou a luz que nasce da fusão

e aceito, agora, ser inteiro,

mesmo imperfeito.

mesmo em transformação eterna.



(Sol em Caranguejo, na Casa 8)

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