Nem tudo é verso,
há dias em que me pergunto
se saberei ser aquilo que sonho.
Porque o sonho é belo,
e eu sou feito de falhas,
de silêncios difíceis,
de medos que roçam o afeto
como se o amor fosse algo que se
aprende
apenas depois da queda.
Idealizo braços abertos,
mas às vezes fecho os meus.
Desejo a fusão,
mas tremo na presença,
e quero entregar-me inteiro,
mas tropeço nos espelhos de mim
mesmo.
Ainda assim, não desisto,
querendo um chão onde não tema o
presente,
onde a carne seja viva e a mente
sã,
onde o abraço seja casa
e não promessa.
Desejo amar sem vigiar o futuro,
viver o instante sem pressa de o
guardar,
e fundir-me sem me perder.
Se um dia chegar quem me veja assim,
na imperfeição lúcida de quem
tenta,
então talvez seja possível
viver a poesia
sem que ela precise ser perfeita.
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