Quando as feridas não são vistas,
a sombra interior procura refúgio
em outros que também não se olham.
Juntos constroem muros invisíveis,
erguem máscaras que se tornam muralhas,
e a fraqueza individual transforma-se
em arrogância aparente,
em desprezo, em ódio, em ação.
A vontade de fazer parte engana:
“não sou só eu, somos muitos que pensamos assim.”
A validação coletiva reduz a autoconsciência
e infla a sensação de direito e superioridade
sobre quem parece diferente,
sobre quem não se encaixa na narrativa do medo.
O ódio e o desprezo não são apenas armas contra o outro;
são ecos de dores internas não reconhecidas,
medos que se solidificam em crenças
e se cristalizam em ações.
Quanto mais se alimenta o engano,
mais a sombra coletiva se torna sólida,
resistente à introspeção;
ciclos que se repetem sem pausa,
criando força aparente
sobre a fragilidade real de quem a sustenta.
Nada rompe o espelho,
apenas o multiplica.
O que nasce da sombra
só reconhece a própria noite.
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