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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Sombra Coletiva

Quando as feridas não são vistas,

a sombra interior procura refúgio

em outros que também não se olham.

 

Juntos constroem muros invisíveis,

erguem máscaras que se tornam muralhas,

e a fraqueza individual transforma-se

em arrogância aparente,

em desprezo, em ódio, em ação.

 

A vontade de fazer parte engana:

“não sou só eu, somos muitos que pensamos assim.”

A validação coletiva reduz a autoconsciência

e infla a sensação de direito e superioridade

sobre quem parece diferente,

sobre quem não se encaixa na narrativa do medo.

 

O ódio e o desprezo não são apenas armas contra o outro;

são ecos de dores internas não reconhecidas,

medos que se solidificam em crenças

e se cristalizam em ações.

 

Quanto mais se alimenta o engano,

mais a sombra coletiva se torna sólida,

resistente à introspeção;

ciclos que se repetem sem pausa,

criando força aparente

sobre a fragilidade real de quem a sustenta.

 

Nada rompe o espelho,

apenas o multiplica.

O que nasce da sombra

só reconhece a própria noite.

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