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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Horizonte Poético - No Limiar da Viragem

A luz e o espelho não dizem a mesma coisa;

o que pensas divide-se do que sentes,

como duas vozes que caminham na mesma rua

mas não se reconhecem.

 

Há perguntas que sobem ao peito

como quem procura uma janela aberta,

e respostas que ficam tensas,

presas nos beirais do pensamento,

sem saber onde pousar.

 

Talvez seja isto o clarão das viragens:

a mente a correr para longe

enquanto algo mais fundo te puxa o braço

e insiste:

escuta melhor.

 

E tu ficas no meio,

entre o impulso de seguir em frente

e a inquietação teimosa

de que há um rumo a ser corrigido

antes que avance demais.

 

Ninguém gosta de parar para ajustar feridas,

mas há caminhos que se tornam mais leves

quando aceitas olhar para o sítio onde ainda dói,

e percebes que a dor só te trava

quando finges que já passou.

 

A vida pede coragem

não para saltar,

mas para alinhar o que está desordenado,

mesmo que ninguém veja esse gesto,

e pareça pequeno demais

para justificar tanto ruído dentro de ti.

 

Se te sentires dividido,

não temas;

às vezes o mundo inteiro abre-se em duas metades

só para te obrigar a ver

onde tens posto a tua verdade.

 

E quando tudo parecer demasiado claro

e confuso ao mesmo tempo,

lembra-te:

há revelações que só nascem

no ponto exato onde o céu e a terra discordam.

 

(Poema inspirado nos símbolos astrológicos que moldam o espírito deste dia, traduzido em linguagem poética.)

 

 

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