Nascem meninos entre muros,
uns feitos de tijolo gasto,
outros de ouro silencioso.
Uns aprendem cedo o preço do pão,
outros, o valor do sobrenome.
Dizem que o mérito é o sol,
mas a luz não toca todos os corpos
com a mesma distância.
Há quem suba montanhas de sombra
para alcançar o chão,
e quem desça das alturas
sem nunca ter caído.
Chamam sorte ao que é herança,
e esforço ao que é sobrevivência.
No fim, o mundo aplaude
os que nasceram no pódio,
enquanto os outros,
de mãos feridas,
erguem o chão para que ele exista.
(Poema inspirado na reflexão de Joseph Stiglitz, sobre a ilusão do mérito e
as desigualdades estruturais que moldam o destino humano.)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.