Há um brilho que persiste no ar,
como se algo dentro de nós
reclamasse o direito de se mostrar
sem pedir licença.
É um fogo que nos preenche
e diz:
“Quero ser verdadeiro.”
Mas logo encontra um muro antigo,
regras não escritas,
uma memória que nos aflige.
O impulso tropeça na prudência
e fica um sabor estranho,
entre vontade e contenção.
As relações pedem harmonia:
não basta querer proximidade,
é preciso saber como a tocar.
Alguns silêncios pesam,
outros protegem.
Há pequenos ajustes invisíveis
entre o que damos
e o que ainda não conseguimos dar.
Ao mesmo tempo,
uma inquietação profunda desperta,
vinda de onde ainda evitamos nomear.
É como se uma verdade escondida
batesse à porta,
e nos impelisse a ver o lado da sombra
que preferimos varrer para longe.
Não é ameaça,
é um convite duro,
mas libertador.
E, contra todas as expectativas,
brota um gesto de cuidado
que não pedimos,
um entendimento raro,
uma ligação simples,
uma reparação que não exige drama.
Quase parece milagre
que certas dores respondam tão depressa
quando alguém nos vê por dentro.
A vibração que nos atravessa
não pede rupturas nem feitos heróicos;
pede honestidade,
coragem para admitir o que mexe,
para deixar ir o que já não serve;
simplificar.
As emoções minguam por dentro:
desapego, limpeza, respiração.
Crescer não é avançar,
é alinhar.
(Poema inspirado nos símbolos astrológicos que moldam
o espírito deste dia, traduzido em linguagem poética.)
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