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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Afeminados

Chamaram-lhes fracos,

porque recusaram a espada

e escolheram o abraço.

 

Disseram que eram moles,

porque não sabiam odiar

nem vestir a armadura da pressa.

 

Mas foram eles

quem ficou a cuidar das feridas,

a semear o pão,

a ensinar às crianças o nome das estrelas.

 

Enquanto os heróis marchavam,

fizeram silêncio,

e nesse silêncio, o mundo respirou.

 

Não foram feitos de ferro,

foram feitos de alma,

e é essa leveza,

tão antiga quanto o amor,

que ainda sustém o que resta de humano.

 

 

(A palavra “afeminados”, usada em antigas traduções bíblicas, foi muitas vezes associada a fraqueza ou desvio moral. Este poema procura resgatar o seu sentido humano e simbólico, o de quem escolhe a ternura em vez da violência, e a coragem de sentir em vez de ferir.)

 

 

 

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