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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

A Vertigem do Ser

Não é o medo da queda que me assusta,

é o desejo de cair.

A vertigem não vem do vazio,

vem da liberdade de poder lançar-me.

 

O abismo não chama, apenas existe,

e o meu ser reconhece-se nele,

como se o fim fosse espelho

de tudo o que ainda não vivi.

 

Há um ponto, entre o medo e o impulso,

onde o corpo se inclina sem cair,

e é aí que o tempo pára,

e o pensamento treme.

 

Não temo a morte,

temo a dissolução do que inventei ser.

A queda seria simples,

o difícil é aceitar o voo.

 

Talvez o chão seja ilusão,

e o abismo apenas respiração do infinito

à espera que eu diga sim.

 

 

(Este poema foi inspirado na frase “A vertigem é o medo de não poder resistir ao chamamento do abismo”, de Jean-Paul Sartre.)

 

 

 

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