Há uma ordem
que antecede o som,
um pensamento
que vibra antes da mente.
Cada célula escuta o espaço,
mede a distância entre si e o nada,
e reconhece, no toque da outra,
a linguagem do cosmos.
Nada se move
sem um propósito secreto;
mesmo o erro é uma órbita,
um desvio calculado pela luz
que nos sonha.
O corpo é apenas um vestígio
dessa inteligência que respira no invisível,
onde o átomo e a estrela
partilham o mesmo alento.
E quando uma célula decide parar,
é o universo que repousa em si,
como quem fecha os olhos
para lembrar-se de existir.
Tudo vibra sob o mesmo desígnio:
a pedra, o vento, o sangue,
o pensamento que regressa à eternidade.
Chamamos-lhe Deus,
mas Ele é apenas o silêncio
que une o ínfimo ao infinito,
e faz de nós um instante
da sua respiração.
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