A crise do nosso tempo não é apenas política:
é uma crise de memória.
Há líderes que sobem ao palco do mundo
sem terem estudado o caminho que os trouxe até aqui;
e porque não conhecem o passado,
repetem-no, não como tragédia,
mas como erro que podia ter sido evitado.
Confundem tradição com nostalgia,
ordem com obediência,
força com agressão.
Chamam “regresso aos valores”
à tentativa de apagar conquistas
que custaram vidas, silêncio, sangue, coragem.
Esquecem que a liberdade das mulheres
não é moda, mas vitória;
os direitos civis
não são concessões, mas reparações;
a dignidade humana
não é negociável.
Ignoram que o planeta tem limites,
que a Terra está cansada;
o futuro exige cuidado
e não slogans.
E no meio disto tudo,
a tecnologia cresce:
rápida, brilhante, poderosa,
como uma criança que ninguém educa;
sem consciência,
torna-se arma;
com consciência,
torna-se cura.
A humanidade precisa de líderes
que saibam que governar não é dominar,
mas proteger;
progresso não é retroceder com outra bandeira;
evolução não é voltar atrás
para sentir uma segurança que nunca existiu.
Precisamos de líderes que se inclinem sobre a história
não para a moldar ao medo,
mas para aprender a não a trair outra vez.
Que reconheçam as feridas do planeta
como feridas suas;
saibam que o poder é empréstimo,
não conquista.
O futuro,
se ainda quisermos merecê-lo,
dependerá da nossa capacidade
de unir conhecimento e compaixão,
razão e humanidade,
tecnologia e ética,
passado e visão.
Não há outro caminho.
A sombra está sempre à espreita,
mas a memória, quando é verdadeira,
ilumina.
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