No fundo das águas,
onde a luz do sol chega cansada
e o silêncio é rei,
ergue-se uma cidade secreta,
não feita de pedra,
mas de conchas,
não erguida por mãos humanas,
mas por braços de sombra e inteligência.
Octlantis, chamaram-lhe.
Um lugar onde os solitários
esquecem o exílio
e descobrem que até no oceano
há sede de comunidade.
Ali os polvos constroem moradas,
empilham restos de vida antiga,
e nas conchas dos mortos
tecem o lar dos vivos.
Não caminham em ruas,
mas deslizam em danças fluidas,
ora em confronto,
ora em cumplicidade.
E quem os observa,
vê mais do que instinto:
vê regras não escritas,
territórios marcados,
alianças frágeis,
e gestos que parecem
lembrar histórias.
Será isto sociedade?
Será isto memória coletiva?
Ou apenas reflexo
de uma mente que, dividida em nove,
descobriu como ser uma só?
Octlantis,
cidade que não surge nos mapas,
mas que prova, em silêncio,
que a inteligência é uma maré universal.
Que até nas profundezas
o espírito da vida procura espelhos,
e cria,
mesmo no sal e no frio,
um vislumbre de cultura.
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