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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Quando o Pai Antigo Caiu

Mesmo sem corpo,

ainda permanece nas sombras da memória,

murmura leis no ouvido da culpa,

planta o medo nas raízes mais profundas do peito.

 

Não basta que o trono esteja vazio:

é preciso desfazer sua imagem,

devolver o nome ao esquecimento,

dissolver a voz que moldou correntes

no cântico livre dos corpos.

 

A humanidade terá de atravessar

o próprio espelho,

enfrentar o pai que ergueu dentro de si,

arrancar-lhe o altar e as velas,

queimar o livro onde o Amor

ficou preso entre páginas riscadas.

 

Quando não restar sequer o eco,

o coração poderá finalmente

bater sem permissão,

o desejo deixará de vestir luto,

e o amor dançará nu,

sem medo, sem fronteiras, infinito,

respirando apenas a própria luz.


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