Mesmo sem corpo,
ainda permanece nas sombras da memória,
murmura leis no ouvido da culpa,
planta o medo nas raízes mais profundas do peito.
Não basta que o trono esteja vazio:
é preciso desfazer sua imagem,
devolver o nome ao esquecimento,
dissolver a voz que moldou correntes
no cântico livre dos corpos.
A humanidade terá de atravessar
o próprio espelho,
enfrentar o pai que ergueu dentro de si,
arrancar-lhe o altar e as velas,
queimar o livro onde o Amor
ficou preso entre páginas riscadas.
Quando não restar sequer o eco,
o coração poderá finalmente
bater sem permissão,
o desejo deixará de vestir luto,
e o amor dançará nu,
sem medo, sem fronteiras, infinito,
respirando apenas a própria luz.
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