Não quero voar em palavras estrangeiras,
nem dançar com fantasmas de outra língua,
quero o murmúrio que nasce do chão português,
a raiz que se agarra à terra,
o fado que geme nas pedras antigas.
Espiritualidade é mais do que um gesto ou um som,
é justiça que se ergue em ruas e casas,
é olhar nos olhos do irmão esquecido,
é mão estendida sem vergonha,
é fogo que arde na carne e no coração.
Não quero palavras que flutuam no ar,
quero o cheiro da chuva em terra seca,
o sabor do pão partilhado à mesa,
a coragem de olhar o mundo com verdade,
sem máscaras, sem castas, sem silêncio.
Aqui, neste chão, na língua que nos veste,
habita um espírito que não se vende,
que não se curva a modismos nem a fábulas,
mas que cresce, lento e forte,
na honestidade de sermos humanos.
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